Eu versejo por todos os tempos e templos, por todas as épocas, tal qual um vampiro reinventando sua imortalidade... quero beber-te vermelho e tornar-te imortal... Boa Morte!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amiseração.

Um livro fechado: era a única imagem possível dele. Aquele do qual se esperou em vão... Cem número de páginas hermeticamente cerradas à capa, sem autor, título ou destinação.
Histórias não vividas, tramas desperdiçadas, personagens carentes do afeto, ou mesmo o ódio convulsivo, indignado e manso, dos inexistentes legentes... Um conto nunca contado.
Possibilidades findas sob o negro opaco daquela encadernação aprisionante... Monotonia irascível e estéril.
Tudo ali diante dos olhos sob a escrivaninha, empoeirado, gritando o silencio das laudas não viradas, sobrepostas, suscetíveis, inanimadas, transbordantes de possibilidades, à mão. Irremediavelmente sufocado, sem por vir, a espreita ou espera daquele que, embora possuísse o domínio, apenas assistia, como num espetáculo, cruel, frio, sangrando, o ocaso de sua genialidade.