Eu versejo por todos os tempos e templos, por todas as épocas, tal qual um vampiro reinventando sua imortalidade... quero beber-te vermelho e tornar-te imortal... Boa Morte!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Seu nome.

Tudo começava a fazer sentido. Vê-lo em trajes íntimos revelando pelas entrâncias que o escuro da pele coberta pelo tecido deixava notar, o seu sexo, era a certeza que faltava ao seu ego agora saciado, sorridente. Não restava dúvida – era seu.
A cena que ali se concretizava por tanto tempo apenas vicejava os sonhos calorosos das noites em que ocupava sozinho seu claustro de desesperança. Sua mente vacilava entre o cansaço e a euforia da conquista presente sob seus olhos, entranhada em sua carne, irreversivelmente concretizada.
Outrora o via com sua certeza gestual de pretenso dono do mundo e suspirava por isso. Cobiçava-o. Pelo olhar, gingado, malícia; pela precisão com que executava sob o entalhe de seu corpo rijo os movimentos destros do seu dia. Era um conquistador nato - de almas e desejos. Um macho que atiçava e encorajava a lasciva dos desavisados andarilhos.

Mais uma vez lançou seu olhar para aquele corpo que dantes lhe afrontava os sentidos e agora lhe evocava a paz dos desejos realizados. Percebeu-se sentado só numa poltrona e sentiu frio; não tardaria amanhecer – precisava ser rápido, poucas horas lhe restariam.
Levantou-se e tocou contundente a tez morena e forte daquele que num enlace lhe acolheu com um largo sorriso alheio tentando aprisionar-lhe em seus braços. Sem saber o fez. Desde então ficara eternamente atrelado àquele abraço, ao quarto, ao instante, àquele que levara presa sua alma sem ao menos dizer-lhe o nome.