Eu versejo por todos os tempos e templos, por todas as épocas, tal qual um vampiro reinventando sua imortalidade... quero beber-te vermelho e tornar-te imortal... Boa Morte!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Samsara

- Adeus, disse reticente, deixando soçobrar na entonação da sua voz o arrependimento por tê-la proferido. Como se somente após ouvi-la de si, tivesse conseguido entender seu real significado.
Disse e volveu lentamente a cabeça como se tentasse na escassez do instante aprisionar as cores, linhas, desenhos e sensações daquele lugar e gente. Parar o curso inexorável do tempo de forma a tê-lo gravado não só nas suas memórias, mas no seu corpo, na sua alma, na sua história. Queria fazer parte de tudo aquilo, mas seu olhar já era futuro, longe, diferente, destino, seu.
Em terra estrangeira sempre se sentira natal, e o era, até dono buscar a próxima inquietação.
De todas as casas, todas poderiam tê-lo visto nascer. De tantas pessoas: todas suas irmãs. Das famílias sentia-se possível filho... Era assim: parte de tudo; tudo quanto seus olhos via se encantava e tentava aprisionar, guardar, parar, ter, sentir...
Braços abertos, vento ao rosto, expectativa de chegar e hora de partir. Ir e voltar deixando ficar ali no azul daquelas águas, na força da arrebentação, nos sorrisos desconhecidos, nas bocas úmidas encostadas, noites e dias, o tempo eterno das coisas acontecidas.